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Setembro Verde: quando a dor dá lugar à esperança

Setembro é o mês em que vestimos o verde da conscientização sobre a doação de órgãos. Um mês para falar de escolhas que transformam. Para lembrar que, mesmo diante da perda, é possível oferecer vida. Um mês para agradecer a quem, em um momento de imensa dor, escolheu cuidar do outro. Na Santa Casa de Votuporanga, de janeiro até agora, 49 órgãos foram captados — entre 20 córneas e captações múltiplas que permitiram doar 6 rins e 3 fígados.
São números que representam mais do que estatísticas. Representam histórias. Recomeços. Pessoas que hoje estão vivas porque alguém, um dia, disse “sim”.
Cada doação só acontece graças à coragem de famílias que, em meio ao luto, fazem um gesto de amor que ultrapassa a própria dor. E também graças ao trabalho comprometido e delicado de equipes que atuam com ética, respeito e empatia. Etapas da Captação de Órgãos Uma jornada silenciosa, feita de cuidado, respeito e amor ao próximo: 1. Identificação do Potencial Doador
O processo começa com a identificação de um paciente com morte encefálica confirmada ou parada cardiorrespiratória irreversível. Essa avaliação é feita por profissionais treinados, com base em critérios clínicos rigorosos.
2. Notificação à CIHDOTT
Ao confirmar um potencial doador, a equipe médica aciona imediatamente a Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT). É essa comissão que avalia a viabilidade da doação e dá início à abordagem familiar com todo o cuidado necessário.
3. Abordagem Familiar
Esse é o momento mais delicado. Médicos e psicólogos capacitados conversam com a família, explicam a situação e acolhem cada dúvida. No Brasil, a doação de órgãos só é realizada com a autorização expressa dos familiares. Por isso, essa conversa precisa ser feita com empatia, escuta e profundo respeito.
4. Avaliação Médica e Compatibilidade
Com a autorização da família, são realizados exames para verificar a saúde dos órgãos e a compatibilidade com possíveis receptores. É um processo técnico, mas feito com todo o zelo que a situação exige.
5. Captação Cirúrgica
As equipes cirúrgicas realizam a retirada dos órgãos com o máximo cuidado e dignidade. Cada gesto é feito com respeito à pessoa e à sua história, preservando a integridade do corpo.
6. Transporte e Transplante
Os órgãos são então transportados com rapidez e segurança até os hospitais onde os pacientes receptores aguardam. Cada minuto importa. Cada órgão doado é uma nova chance de viver.
  A Importância da Doação de Órgãos A doação de órgãos é um ato que salva vidas e oferece esperança a pessoas que enfrentam condições médicas críticas. Cada captação realizada pela Santa Casa de Votuporanga é um testemunho do compromisso com a vida — não apenas pelos resultados clínicos, mas pelo impacto humano que ela representa. O enfermeiro Bruno Chiquetto ressalta: A Santa Casa, ao realizar essas captações, destaca a importância da conscientização sobre a doação de órgãos e a necessidade contínua de incentivar a generosidade daqueles que podem oferecer esse presente valioso. No Brasil, a doação de órgãos só é realizada mediante autorização familiar, de acordo com a legislação, sendo essa a única maneira legal de garantir efetivamente que a vontade do doador seja respeitada.” A escolha de quem recebe o órgão é definida pela Central de Transplantes do Ministério da Saúde, por meio de um sistema nacional que cruza informações clínicas entre doadores e receptores, considerando critérios como tempo de espera, idade e compatibilidade sanguínea e imunológica. Todo o processo é sigiloso, e não há qualquer contato entre doador e receptor. A bem-sucedida captação de rins, fígado e córneas pela Santa Casa é mais do que um resultado. É uma conquista que inspira toda a comunidade a enxergar na doação de órgãos um gesto de amor ao próximo.
Num mundo onde a solidariedade é essencial, a Santa Casa se destaca como uma ponte entre a dor e a esperança — entre o fim de uma vida e o recomeço de tantas outras.
O neurologista Dr. João Ricardo Leão, membro da CIDOTT, reforça esse olhar humano. “A definição da morte encefálica é um momento extremamente delicado. Ainda que o coração continue batendo com ajuda de aparelhos, a perda é irreversível. É aí que começa o papel sensível da comissão: acolher, informar e respeitar o tempo e a decisão da família.” Ele também lembra da importância do diálogo em vida. “A decisão de doar órgãos é pessoal. Quando essa vontade é comunicada antecipadamente, a família se sente mais segura em um momento tão difícil. Doar órgãos é doar vida. É um ato de esperança. Essa conversa pode tirar a angústia e trazer sentido à perda.” Doar é um ato silencioso, mas que ecoa para sempre. É sobre vidas que seguem — por você. Neste Setembro Verde, fale com sua família. Compartilhe sua vontade de ser doador.
Você pode ser a razão pela qual alguém terá uma nova chance.