Setembro Verde: quando a dor dá lugar à esperança
18/09/2025
Setembro é o mês
em que vestimos
o verde da conscientização sobre a doação de órgãos. Um mês para
falar de
escolhas que transformam. Para lembrar que, mesmo diante da
perda, é possível
oferecer vida. Um mês para agradecer a quem, em um momento de
imensa dor,
escolheu cuidar do outro.
Na Santa Casa de
Votuporanga, de
janeiro até agora, 49 órgãos foram captados — entre 20 córneas e
captações
múltiplas que permitiram doar 6 rins e 3 fígados.
São números que representam mais do que estatísticas.
Representam histórias.
Recomeços. Pessoas que hoje estão vivas porque alguém, um dia,
disse “sim”.
Cada doação só
acontece graças à
coragem de famílias que, em meio ao luto, fazem um gesto de amor
que ultrapassa
a própria dor. E também graças ao trabalho comprometido e
delicado de equipes
que atuam com ética, respeito e empatia.
Etapas da
Captação de Órgãos
Uma jornada
silenciosa, feita de
cuidado, respeito e amor ao próximo:
1. Identificação do Potencial Doador
O processo começa com a identificação de um paciente com morte
encefálica
confirmada ou parada cardiorrespiratória irreversível. Essa
avaliação é feita
por profissionais treinados, com base em critérios clínicos
rigorosos.
2. Notificação à CIHDOTT
Ao confirmar um potencial doador, a equipe médica aciona
imediatamente a
Comissão
Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para
Transplantes (CIHDOTT). É essa comissão que
avalia a viabilidade da doação e dá início à
abordagem familiar com todo o cuidado necessário.
3. Abordagem Familiar
Esse é o momento mais delicado. Médicos e psicólogos capacitados
conversam com
a família, explicam a situação e acolhem cada dúvida. No Brasil,
a doação de
órgãos só é realizada com a autorização expressa dos
familiares. Por
isso, essa conversa precisa ser feita com empatia, escuta e
profundo respeito.
4. Avaliação Médica e Compatibilidade
Com a autorização da família, são realizados exames para
verificar a saúde dos
órgãos e a compatibilidade com possíveis receptores. É um
processo técnico, mas
feito com todo o zelo que a situação exige.
5. Captação Cirúrgica
As equipes cirúrgicas realizam a retirada dos órgãos com o
máximo cuidado e
dignidade. Cada gesto é feito com respeito à pessoa e à sua
história,
preservando a integridade do corpo.
6. Transporte e Transplante
Os órgãos são então transportados com rapidez e segurança até os
hospitais onde
os pacientes receptores aguardam. Cada minuto importa. Cada
órgão doado é uma
nova chance de viver.
A Importância
da Doação de
Órgãos
A doação de órgãos
é um ato que
salva vidas e oferece esperança a pessoas que enfrentam
condições médicas
críticas. Cada captação realizada pela Santa Casa de Votuporanga
é um
testemunho do compromisso com a vida — não apenas pelos
resultados clínicos, mas
pelo impacto humano que ela representa.
O enfermeiro Bruno
Chiquetto
ressalta: “A Santa Casa, ao realizar essas captações,
destaca a
importância da conscientização sobre a doação de órgãos e a
necessidade
contínua de incentivar a generosidade daqueles que podem
oferecer esse presente
valioso. No Brasil, a doação de órgãos só é realizada mediante
autorização
familiar, de acordo com a legislação, sendo essa a única maneira
legal de
garantir efetivamente que a vontade do doador seja respeitada.”
A escolha de quem
recebe o órgão
é definida pela Central de Transplantes do Ministério da Saúde,
por meio de um
sistema nacional que cruza informações clínicas entre doadores e
receptores,
considerando critérios como tempo de espera, idade e
compatibilidade sanguínea
e imunológica. Todo o processo é sigiloso, e não há qualquer
contato entre
doador e receptor.
A bem-sucedida
captação de rins,
fígado e córneas pela Santa Casa é mais do que um resultado. É
uma conquista
que inspira toda a comunidade a enxergar na doação de órgãos um
gesto de amor
ao próximo.
Num mundo onde a solidariedade é essencial, a Santa Casa se
destaca como uma
ponte entre a dor e a esperança — entre o fim de uma vida e o
recomeço de
tantas outras.
O neurologista Dr.
João Ricardo
Leão, membro da CIDOTT, reforça esse olhar humano. “A definição
da morte encefálica
é um momento extremamente delicado. Ainda que o coração continue
batendo com
ajuda de aparelhos, a perda é irreversível. É aí que começa o
papel sensível da
comissão: acolher, informar e respeitar o tempo e a decisão da
família.”
Ele também lembra
da importância
do diálogo em vida. “A decisão de doar órgãos é pessoal. Quando
essa vontade é
comunicada antecipadamente, a família se sente mais segura em um
momento tão
difícil. Doar órgãos é doar vida. É um ato de esperança. Essa
conversa pode
tirar a angústia e trazer sentido à perda.”
Doar é um ato
silencioso, mas que
ecoa para sempre. É sobre vidas que seguem — por você.
Neste Setembro
Verde, fale com
sua família. Compartilhe sua vontade de ser doador.
Você pode ser a razão pela qual alguém terá uma nova chance.